Aquele que é chamado a desposar a Luz,
será inicialmente convidado a noivar com a castidade, para lhe servir de
anfitriã a fim de conhecer os palácios da Dama da Luz.
As maiores realizações espirituais são alcançadas graças à castidade; por isto Deus ama a castidade, por ser ela boa e bela, útil e necessária, justa e verdadeira... No mínimo, nos será pedido uma contenção
razoável, a fim de que o acúmulo de energias permita obter as experiências
necessárias e, como fruto delas, as realizações finais.
Tudo isto gravita então em torno do
universo de Shakty, a energia
feminina e amorosa contida em nossas forças espirituais ocultas, segundo a filosofia
tântrica da Índia, acessadas quando mergulhamos nos mananciais secretos da
alma.
Muitos ensinamentos tratam da importância da castidade, merecendo
destaque também a filosofia tolteca divulgada por Carlos Castañeda, dos índios
norte-mexicanos, para quem o acúmulo da energia seria fundamental no caminho do conhecimento
espiritual.
Passemos a enumerar, então, algumas das principais
possibilidades que o cultivo da castidade pode proporcionar, de uma forma
crescente ou segundo a nossa evolução espiritual.
1. O “estado-de- graça”. O famoso estado-de-graça é um enlevo
espiritual conhecido por aqueles que estão consagrados à Deus, à luz ou à
verdade; como um primeiro contato paradisíaco com os mistérios sagrados. O
estar-apaixonado se assemelha um pouco a isto, daí haver surgido correntes
medievais que cultuaram sistematicamente esta condição, como eram os chamados
“fiéis do amor”, quando optavam se apaixonar por uma dama nobre, casada e inacessível,
cultivando assim apenas o amor platônico...
O estado-de-graça também pode ser recebido
de uma forma gratuita, por aqueles que são chamados por Deus para conhecer as
suas grandes Verdades, e neste caso deverá passar uma vida ou um período de
auto-consagração, para que estas bênçãos cresçam e se consolidem, em ambientes
adequados para isto. De qualquer forma, a experiência poderá servir
de guia vida afora, movendo-nos para uma vida de auto-disciplina e de
auto-depuração. A castidade pode proporcionar paz, felicidade, desapego e
clareza de mente; são os abençoados frutos da Shakty neste degrau.
A revelação “gratuita” do estado-de-graça
é característica da Primeira Iniciação, sendo também conhecida como um “chamamento”
ou o despertar de uma “vocação” espiritual.
2. A “Dama Natureza”. Os franciscanos asseguram que a
castidade pode proporcionar uma experiência de elevada intensidade com a
Natureza, de percepção paradisíaca, por assim dizer, das belezas e dos
mistérios naturais. Por isto os monges a chamam afetivamente de "irmã castidade"...
Neste quadro a Natureza adquire um aspecto de revelação, de
magia e encantamento especial, que satisfaz os sentidos e a alma a um só tempo.
É uma realização própria da Segunda Iniciação, quando a sensibilidade se acha
mais refinada e consagrada à luz através da devoção.
Esta seria pois uma extensão do
estado-de-graça, porém outra espécie de experiência natural profunda poderá ser
conhecida mais tarde, sob o desenvolvimento dos poderes da clarividência (um
poder característico da Terceira Iniciação) através da meditação, quando o
contato e a percepção dos seres Elementais também poderá ser realizado. A beleza
e a força de Shakty se revela sob muitas formas, e as magias da Natureza são apenas uma delas.
3. O tantra úmido. A magia sexual ou maithuna, é uma das
formas prescritas para o fomento da energia interior. O simbolismo tântrico fala
da energia feminina, Shakty, contida
na força serpentina, capaz de proporcionar prazer e intensidade.
O êxtase da Shakty é conhecido na Via Úmida especialmente através deste acúmulo
da energia, como uma força-de-potência. Ali a pessoa aprende a manejar suas
energias, através do exercício da vontade e do auto-controle. Trata-se porém de
prática desafiadora, que exige normalmente a orientação de um guru. Local e
hora adequados também podem ser importantes para isto. Esta é uma forma de
harmonizar as atrações da sexualidade com as exigências do caminho espiritual.
Os Tantras surgiram na Índia e envolvem
o conhecimento dos mecanismos sutis do ser humano, que são daí empregados em
todas as formas de prática, mas na China isto também tem sido desenvolvido. Os
tratados chineses asseguram que esta pratica proporciona saúde e longevidade.
O Kama
Sutra pretende orientar a respeito, inclusive como uma forma clássica de
melhor satisfazer a mulher; ainda que esta antiga obra esteja repleta de
superstições acumuladas pelo tempo. Mesmo que a fisicalidade da prática seja
característica da Segunda Iniciação, a técnica pode servir de transição para a Terceira
Iniciação, na medida em que consegue educar poderosamente a vontade da pessoa.
4. O tantra seco. A chamada “via seca” do Tantra,
representa prática que envolve uma técnica superior. Ali as polaridades são
trabalhadas internamente através da meditação, produzindo frutos luminosos com
brevidade, potência e satisfação. Eis que a verdadeira
meditação costuma envolver etapas, uma mais passiva depurativa, e logo outra mais
ativa, criativa. A conhecida Raja Ioga da Índia se limita mais ao momento inicial
passivo, legando por isto ainda uma condição frágil de consciência.
Porém, muitas técnicas ativas têm sido também
desenvolvidas, especialmente pelas correntes do Budismo Tibetano. A meditação criativa,
também foi desenvolvida através das técnicas esotéricas do culto solar e ao
fogo, praticadas nos antigos templos egípcios e mazdeístas. Hoje em dia temos a revelação da Agni
Ioga para cumprir as novas demandas da espiritualidade positiva.
Embora os Tantras no geral sejam
prescritos para o Kali Yuga, esta idade
materialista e científica, a Via Seca envolve aquelas práticas que são mais
refinadas, elevadas e também atuais, na medida em que as raças emergentes devem
trabalhar especialmente os chakras superiores, sob pena de superestimular aquilo
que já foi desenvolvido por outras raças, produzindo desequilíbrios e
descontrole de energias que levariam ao inevitável fracasso...
Para que os frutos superiores da meditação
possam ser acessados, é importante o acúmulo ou a contenção de energias, útil
até mesmo para um melhor desempenho nos esportes; quanto mais naquele campo
sutil que demanda uma especial concentração de forças.
O êxtase da Shakty é um fruto
natural da meditação superior, na forma daquela leveza e alegria que
caracteriza a condição Hamsa, o
Cisne, nome dado na Índia à Terceira Iniciação, envolvendo como técnica central
o conhecimento profundo da Palavra Sagrada, OM, onde a Shakty está presente especialmente na letra “M”.
5. Almas-gêmeas. Almas-gêmeas representam uma espécie de
somatório daquilo tudo que foi até aqui descrito, até porque apenas pode ser
conhecida por aqueles que têm suas almas desenvolvidas, valorizando e transfigurando
os corpos em fontes de luz e do mais sublime prazer. Misteriosamente casto e
pleno no mais alto grau, como forma de manifestação ou cristalização da Shakty, este grande mistério revela a possibilidade de uma intimidade plena, mas isenta das marcas
convencionais dos instintos, como expressão da unicidade, do destino e da
própria evolução superior.
Tal como a raça árya recebeu a
prescrição de desenvolver os Tantras, com foco central no plexo solar, através
da magia e da meditação, a nova raça-raiz está destinada a desenvolver a esfera
do coração, resultando no maravilhoso contato das almas-gêmeas e na própria
iluminação, que será o tema a seguir.
No caminho espiritual, a realidade das Almas-gêmeas
serve como instrumento da transição da Terceira para a Quarta Iniciação.
6. Iluminação solar. A expressão “Iluminação solar” faz
uma distinção com o conceito mental de iluminação “lunar” ou passiva, desenvolvido
especialmente pelo Budismo, onde se buscava tornar a mente receptiva às
energias superiores, tratando-se daí, e mais uma vez, de uma experiência epidérmica
e transitória. Contudo, o próprio simbolismo espiritual da Nova Era, atesta pela
forma dos novos Budas e das atitudes dos seus Avatares, que as novas energias
espirituais são ativas e positivas.
A Iluminação solar se aproxima mais do conceito
tântrico hindu de iluminação, trabalhando a ascensão completa de kundalini. E novamente cabe a evocação da
Shakty, porque toda a iluminação é profundamente
gozosa ou prazeirosa. Esta realização é uma espécie de contraparte espiritual às
almas-gêmeas, na medida em que envolve o pleno despertar do centro do coração, fazendo
do ser humano um pequeno sol de positiva irradiação amorosa e curativa.
Representa enfim a própria técnica da Quarta
Iniciação, que envolve o conhecimento da Palavra Perdida e culmina a evolução humana
desta ronda evolutiva do planeta, proporcionando a imortalidade da consciência.
Para além disto tudo, ainda existem outras
tantas dimensões de realização espiritual, nas quais a Shakty também pode se transformar em forças cósmicas.
Luís A. W. Salvi é filósofo holístico e autor polígrafo com cerca de 140 obras, e na última década vem se dedicando especialmente à organização da "Sociologia do Novo Mundo" voltada para a construção sócio-cultural das Américas.
Contatos: webersalvi@yahoo.com.br
Fones (51) 99861-5178 e (62) 99776-8957
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Excelente texto.👏👏👏
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